Apesar de extensa, a música "Índios", da banda Legião Urbana, além de muito bonita, retrata perfeitamente a
época em que o Brasil começou a ser colonizado pelos portugueses. Com isso,
faremos a análise de sua letra, com o intuito de recordarmos um pouco mais esse
período histórico, muito presente na obra "Veias Abertas da América Latina" do
jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano.
Quem me dera, ao
menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês -
É só maldade então, deixar um Deus tão triste.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda. Assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda. Assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês -
É só maldade então, deixar um Deus tão triste.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda. Assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda. Assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Os portugueses, ao chegarem ao
Brasil, se depararam com os índios, indivíduos com culturas e traços físicos completamente
diferentes. O primeiro contato entre esses dois povos foi realizado de forma
amigável. Os índios ficaram maravilhados com as bugigangas que os portugueses
possuíam, e como não sabiam medir o valor das coisas, acabaram por entregar
suas riquezas em troca de futilidades. Para os portugueses, foi como retirar um
doce da boca de uma criança. Os índios entregaram todas as suas
riquezas para aqueles que eles acreditaram, inocentemente, serem amigos.
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Os portugueses trataram os
indígenas de forma amigável apenas por interesse, e assim que conquistaram sua
confiança, mostraram sua verdadeira face. Os índios começaram então a serem
explorados e escravizados pelos europeus. Muitos indígenas foram mortos, e
outros muitos tiveram de sair de sua habitação para se afugentarem no interior
do país. Os índios, que antes da colonização eram os únicos donos de todas as
riquezas do Brasil, hoje não possuem mais nada, nem mesmo possuem seus direitos
como cidadão respeitado.
Os
europeus trouxeram consigo a religião católica, com o objetivo de catequizar os
indígenas e convertê-los. Essa conversão seria também uma maneira de "amansar"
um povo selvagem, que não possuía modos e educação no ponto de vista dos europeus. Muitas tribos inteiras foram exterminadas devido à tentativa de resistência
dos índios.
A
colonização do Brasil iniciada pelos portugueses devastou quase por
inteira toda uma cultura. Os índios nunca haviam mantido contato com outros
povos, sendo o primeiro contato realizado com os portugueses. Eles ficaram então maravilhados com os acessórios, vestes e ferramentas que os
europeus portavam; confiaram nos portugueses e criaram relações
amigáveis com estes, e como não sabiam medir o que era mais valioso, os índios
entregaram todas as suas riquezas a este outro povo, que então, deixaram que
sua máscara caísse. E hoje, o que resta aos indígenas brasileiros é a
reivindicação constante de seus direitos e deveres que praticamente nunca são
cumpridos e respeitados.
Renato Russo, vocalista do Legião Urbana, soube retratar de forma poética e cantada uma parte da história do Brasil. Nos versos: Quem me dera, ao menos uma vez/Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três, retrata a forma como os índios ficaram confusos com o catolicismo, porque os jesuítas pregavam a santíssima trindade: Deus pai; Deus filho; e Deus Espírito Santo. E além disso, entender que os próprios homens brancos "mataram" esse Deus.
Já no verso: Nos deram espelhos e vimos um mundo doente, relaciona-se com o fato de que os portugueses trocavam objetos como espelhos com os indígenas em troca de ouro e trabalho.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho. Essa talvez seja uma parte delicada, já que Renato Russo escreveu essa música após ter uma real ideia de suicídio, cortando os pulsos. E De insistir nessa saudade que eu sinto/De tudo que eu ainda não vi demonstra a esperança que o cantor sente de que talvez as coisas no futuro sejam melhores. Enfim, o que Renato deseja passar com a música é que apesar do mundo ser um lugar escuro e sombrio, ainda há esperança. Esperança essa que impediu que o cantor desse um passo a frente em direção ao encontro com aquele Que o entende do início ao fim.
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