terça-feira, 21 de outubro de 2014

Colonização: Brasil e México


A parte do continente americano denominada América Latina compreende o total de vinte países. Nos primórdios de sua descoberta os impérios coloniais europeus da Espanha e de Portugal foram os maiores responsáveis por colonizá-la. Mas nesse processo, milhares de indígenas perderam suas vidas, e por isso, é de grande importância que analisemos como de fato ocorreu a colonização e a exploração indígena, seus resultados e comparações com dias de hoje.



Seria interessante analisarmos separadamente cada país que compreende a América Latina, mas como o conteúdo ficaria extenso, focaremos nossa atenção nos dois países com o melhor desempenho econômico no ano de 2013 que são Brasil e México. Faremos uma breve pesquisa sobre a colonização desses países e suas populações indígenas no tempo em que a América foi descoberta e atualmente. Por mais que os anos passem, vemos que a falta de direitos que recai sobre as minorias étnicas continuam.

Colonização do Brasil

Os primeiros a desembarcarem nas terras brasileiras, ao que tudo indica no dia 22/04/1500 foram os portugueses, que buscavam a expansão marítima, tendo como foco novas rotas de comércio. Eles não iniciaram a colonização logo que chegaram, mas apenas cerca de trinta anos após o "descobrimento do Brasil". Ao chegarem, encontraram as terras já habitadas pelos povos ameríndios. Uma de suas primeiras ações foi o reconhecimento territorial que auxiliaria na criação de um mapa do local para facilitar a exploração das riquezas que ali havia.

Indígenas no Brasil

Quando os navios portugueses chegaram ao Brasil, se depararam com povos completamente diferentes de si. Mas a surpresa foi mútua, pois os indígenas também ficaram surpresos com os que ali chegavam. 
Pero Vaz de Caminha, o escrivão da expedição, registrou um dos documentos mais importantes que temos sobre aquela época. Na carta que ele escreveu para a Corte portuguesa, dentre várias coisas, Caminha descrevia o primeiro contato com os índios,
 
"Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel".

Além de apontar a questão da catequização destes e sua conversão à fé católica, alegando que Deus os havia levado até ali para que promovessem a salvação daquele povo.

"Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências."

E também relatava as características marcantes da terra descoberta:

"Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos - terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!"
Nesse contato que houve entre índios (nus, pintados, com arcos e flechas) e portugueses (com roupas, sapatos, barbas e armas) houve um verdadeiro choque de culturas. Num primeiro momento, os índios trocavam ouro e metais por quinquilharias e bugigangas dos portugueses como espelhos e pentes. Mas a relação aparentemente "tranquila", seguiria a um massacre completo dos índios, que além de serem catequizados - abrindo mão de suas crenças - também seriam obrigados a trabalhar duro para os "brancos".
Há quem diga que os índios assinaram seu tratado de morte quando, na chegada dos portugueses, apontaram para o ouro de seus navios e fizeram um gesto indicando que ali onde eles estavam aquilo era algo comum. Não foi a primeira vez que a inocência acabou em sangue. Nem vai ser a última.

Indígenas no Brasil atualmente
 
Segundo dados da Fundação Nacional do índio (FUNAI), a população indígena no Brasil que ainda vive em aldeias atualmente é de aproximadamente 345.000 pessoas. Na época da chegada dos portugueses, estima-se que aqui viviam 2 a 4 milhões. Cerca de 60% está concentrada na Amazônia Legal, mas os indígenas estão espalhados por todo o território nacional. 
Os índios somam uma minoria étnica em nosso país, e seus direitos muitas vezes não são respeitados. Em novembro de 2013, o deputado federal Luis Carlos Heinze declarou que os índios, assim como outras minorias como quilombolas e homossexuais “são tudo que não presta”. Em dezembro, o mesmo deputado, durante um leilão em Campo Grande, voltou a desqualificar índios, homossexuais, negros e sem terras. 

"(...) tem no Palácio do Planalto um ministro da presidenta Dilma chamado Gilberto Carvalho que aninha no seu gabinete índios, negros, sem terra, gays, lésbicas; a família não existe no gabinete deste senhor”

Só esse discurso de ódio promovido por um deputado já nos prova a situação em que os índios se encontram hoje. 
Mas apesar dessa exclusão sofrida, é interessante o fato de que diante de toda a industrialização e contínuo progresso da tecnologia, os índios tentam se manter "puros". Utilizam-se de algumas dessas peculiaridades do mundo moderno, mas tentam manter vivas as tradições do seu povo. A exemplo, temos a manutenção da língua de cada tribo e escolas indígenas que além de ensinarem o português, ainda ensinam e aprimoram sua própria lingua. Assim como nas comunidades quilombolas, as comunidades indígenas lutam até hoje por seus direitos e há aqueles que ajudam a proteger esses direitos. A causa não está perdida.

 A Carta de Pero Vaz de Caminha / Descobrimento do Brasil por Cândido Portinari (Acervo Banco Central do Brasil)

Colonização do México  

No ano de 1521, os espanhóis ocuparam o Império Asteca, liderados por Hernán Cortés, que estava em busca de riquezas e poder. A civilização asteca acreditava que Cortés era um Deus. Os espanhóis iniciaram então a colonização que durou aproximadamente 300 anos. O principal objetivo da coroa espanhola era a exploração das riquezas que ali havia. Nessa época a Espanha era governada por dois reis católicos, Fernando e Isabel, e esse fato fez com que os espanhóis disseminassem a fé católica na América e catequizassem os indígenas que ali viviam. 

Os indígenas no México

Os indígenas do México, denominados Mais e Astecas eram e ainda são reconhecidos pelos seus ricos conhecimentos matemáticos e astronômicos. Os astecas utilizavam-se de sacrifícios humanos  como forma de agradar e adorar seus deuses. Milhares de nativos perderam suas vidas com a chegada dos colonizadores espanhóis, seja por meio das diversas doenças que os estes trouxeram consigo, seja pela resistência que muitos travaram contra o domínio dos colonizadores, e também pela escravidão aos quais muitos foram submetidos.


Os indígenas no México atualmente 

Os indígenas que vivem no México atualmente somam cerca de 15 milhões de pessoas que lutam contra a discriminação que recai contra eles e reivindicam o direito de poderem participar das eleições, de estudarem e ocuparem cargos políticos. Isso fez com que o governo mexicano criasse políticas de integração para os indígenas, mas ainda sem muito sucesso e eficácia. Os nativos mexicanos sofrem com a desigualdade e a exclusão social, vivendo a maioria na pobreza e buscando sobreviver com o plantio e cultivo do milho. 

Conclusão

Não podemos imaginar um mundo onde não tivesse acontecido a colonização brasileira e mexicana. Podemos chegar perto, mas quem poderia dizer ao certo? Se quisermos ter uma versão otimista, pensemos num Brasil repleto do seu povo nativo, com florestas extensas e muito mais verdes que hoje. Com uma flora e fauna extremamente diversa. Agora, a versão pessimista: se os portugueses não tivessem colonizado o Brasil, quem poderia afirmar que em algum momento outros povos não o colonizariam? Inglaterra, EUA, França, Espanha... 
Mas devaneios a parte, é impossível não nos espantarmos pelo fato de que os índios, em 514 anos, saíram do status de donos de uma imensa riqueza, de um território enorme e da completa paz para primeiramente, serem subjugados a condição análoga ao escravo e atualmente fazerem parte de uma minoria que assim como todas as outras, sofrem a opressão.
Os indígenas mexicanos não tiveram um destino muito melhor. Conhecidos anteriormente como maias e astecas, poderosos donos de impérios, hoje mendigam para serem integrados em meio à sociedade, vivendo da pobreza e exclusão social. 

 "Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha".

                                                                  Trecho da música "Índios" do "Legião Urbana".

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