sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ditadura: Chile e Brasil

As ditaduras na América Latina começaram a se tornar populares logo após a Guerra Fria, onde o mundo estava dividido entre dois grandes blocos econômicos: o capitalista e o socialista. A partir de 1950 os EUA já organizavam doutrinas de Segurança Nacional que procuravam acabar com o "perigo vermelho" tanto dentro quanto fora do território norte-americano. Porém alguns países aderiram ao socialismo e logo após a Revolução Cubana e da ascensão do governo socialista de Fidel Castro, os EUA viriam a intensificar a vigilância na América Latina. No entanto, os esforços dos EUA de tentar erradicar o socialismo tiveram como resposta a formação de vários grupos de esquerda e simpatizantes deste. Frente a isso, e com um auxilio estadunidense, forças conservadoras se mobilizaram nessas regiões e, atendendo a demanda de diversos setores da sociedade civil, apoiaram a instituição de governos militares. Assim, através de golpes de estado, a América Latina assistiu nos anos 60 e 70 a ascensão de inúmeras ditaduras militares.

A ditadura no Chile

A ditadura no Chile teve início com a tomada do poder pelos militares liderados pelo general Augusto Pinochet. Nesse contexto, o Chile passava por várias ascenções de governos de esquerda em meio as forças democráticas. Gabriel González Videla foi eleito com a união de setores liberais e da esquerda com a promessa de recuperar o setor social e promover o desenvolvimento. Porém, já no poder, o presidente se posicionou dentro do contexto da Guerra Fria contra os ideais comunistas, o que frustrou os seus eleitores. A economia chilena crescia devido as empresas estrangeiras e isso desagradava o povo. Em 1970 foi eleito Salvador Allende, em função da união da esquerda. Allende promoveu então uma política nacionalista de esquerda no país, nacionalizando as empresas estrangeiras.

Os EUA nao ficaram satisfeitos com o governo de Allende e passaram a apoiar movimentos de oposição ao seu governo, surgindo assim a intenção de derrubar o presidente. Foi então que em setembro de 1973 os militares deram um golpe de estado que resultou no assassinato de Salvador Allende. A ditadura no Chile foi implantada sob o comando do general Augusto Pinochet, responsável pelo assassinato de Allende. Começava então um governo autoritário empenhado em caçar os opositores e os esquerdistas nacionalistas. Politicamente foi um governo que procurou satisfazer todos os interesses dos EUA e por isso é tido como a primeira experiência neoliberal no mundo.
 
Em 1980 Augusto Pinochet criou uma constituição que legalizava seu governo ditatorial. Em decorrência disso, logo as pressões feitas por grupos organizados aumentaram significativamente, o que resultou na proibição da permanência de Pinochet no governo do país. Dois anos depois, Patrício Aylwin foi eleito para o cargo de presidente, acabando com o regime ditatorial de Pinochet e dando início à punição dos militares envolvidos com os crimes da ditadura.


Ditadura no Brasil

Com a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, o vice João Goulart assumiu a presidência em um clima bastante adverso, e seu governo foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando preocupações na elite do pais, como empresários, bancários, conservadores, militares e a Igreja Católica, que por sua vez temiam que o Brasil estivesse entrando em uma politica socialista. Este estilo populista e de esquerda chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que juntamente com as classes conservadoras brasileiras, temia um golpe comunista. Dessa forma, João Goulart foi acusado de estar planejando um golpe de esquerda e de ter sido responsável pela crise a qual o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (na época o Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, ele prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Em resposta, seis dias mais tarde os conservadores organizaram uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, evento que reuniu milhares de pessoas nas ruas de São Paulo.

A tensão politica foi aumentando gradativamente e como resultado, no dia 31 de março de 1964 militares de Minas Gerais e de São Paulo saíram as ruas para evitarem uma guerra civil, e o presidente João Goulart deixa o poder, refugiando-se no Uruguai. Assim os militares tomam o poder e começa o período de ditadura no Brasil, que durou de 1964 até 1985 e foi muito severo, só tendo fim com o movimento Diretas Já, onde milhares de pessoas incluindo jogadores de futebol e artistas saem as ruas protestando pela Emenda Dante de Oliveira, que garantia eleições diretas para presidente.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Era o fim do regime militar no Brasil, e em 1988 é aprovada uma nova constituição para o país. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país
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Uma das cenas mais emblemáticas que mostram os abusos cometidos durante a ditadura militar no Brasil. (Foto: Evandro Teixeira)

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